quinta-feira, 18 de março de 2010

Artigo de opinião - Jornal Fórum - 18 de Março - Bruno Teixeira

A 3 de Agosto de 1850 entrou em vigor a "Lei das Rolhas" em Portugal. António de Oliveira Salazar era um devoto da ideia. Segundo ele "Os homens, os grupos e as classes vêem, observam e estudam os acontecimentos à luz do seu próprio interesse. E só uma entidade, por dever e posição, tudo tem de ver à luz do interesse de todos".

Ora bem, não podia estar mais feliz o ditador. O PSD, partido que tanto se queixa de prepotência do Governo e da omnipresença do Primeiro-Ministro nos media, defende que a liberdade de expressão tem uma serventia extrínseca à sua dinâmica. Aplica-se quando e se estiver em causa o dizer mal dos outros. Derroga-se quando e se estiver em causa o dizer mal dos próprios.

Acontece que num rasgo infeliz, Pedro Santana Lopes, numa demonstração do espírito democrático de que diz tão insuflado, arma um festim de mau senso político e de show-off inoportuno.

A alteração estatutária proposta por Pedro Santana Lopes determina que ninguém pode criticar a direcção do PSD nos dois meses que antecedem as eleições. Foi esta a convenção ante-nupcial proposta por Pedro Santana Lopes e aprovada pelo PSD. Um ano antes vale tudo, até arrancar olhos, mas partindo do pressuposto que o povo tem memória curta, só contam os 60 dias antes do casamento. Depois, haja infidelidade!

É este o partido que reclama a liberdade de expressão? Onde está a alma destes livre pensadores? Há livres pensadores no PSD? Este não é um partido de livres pensadores, muito menos um partido de poetas. Este é um partido que agora penaliza os delitos de opinião e em que o valor da lealdade partidária se sobrepõe ao da individualidade e ao da liberdade pessoal.

E registe-se, não foi apenas Pedro Santana Lopes que fez com esta norma fosse aprovada, foi todo o PSD que no seu órgão máximo, em Congresso Nacional, democraticamente escolheu calar os seus dissidentes com 352 votos favoráveis, 102 abstenções e apenas 76 votos contra.

Isto, vindo de um partido que transporta a bandeira da asfixia democrática como se de uma santa missão se tratasse e sempre que pode a grita aos sete ventos.

Provavelmente tudo isto apenas não passou de uma reacção à última sondagem realizada que coloca o PS novamente muito próximo da maioria absoluta, com 41% das intenções de voto.

2 comentários:

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